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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Direitos Humanos e Educação: uma escola democrática


Geralmente guando se fala em "direitos humanos e educação"o que vem a mente é a violência criminal que envolve os jovens no ambiente escolar. O grande fator contribuinte da violência, em especial nas médias e grandes cidades brasileiras, é a segregação entre as classes socias, está na separação dos altos muros escolares rodeados por câmeras, das grades e cercas elétricas que separam os condomíneos do resto do mundo, com isso pode-se acrescentar a segregação armada das empresas de segurança dos bairros nobres ou dos vigilantes e vigias das periferias, surge também o blindado que dá a sensação de "segurança".
Esta segregação cria barreiras imaginárias e irraizadas aos jovens: o temor, o pânico, o ódio, enfim a desconfiança sempre tem lugar quando estão ausentes o convívio sadio e o diálogo. Este é o contexto em que estão se formando grande parte das novas gerações. Se no passado a escola pública reunia estudantes de diferentes níveis socias e de diferentes pensamentos, aproximadamente nas últimas três décadas ela abandonou definitivamente este papel, sendo exclusiva apenas aos jovens de baixa renda, então as crianças de classe média alta crescem sem o contato com crianças mais pobres e passam toda a infância e juventude "protegidas" pelos muros altos, pelo carro blindado, etc, de ambos os lados, criam-se medos e preconceitos que geram a incapacidade de ver no outro um semelhante da mesma espécie, potencializando assim as manifestações de violência.
Em quase seis anos de Conselho Tutelar tive a oportunidade de ver muita coisa, em algumas das palestras que ministrei para um grupo de jovens do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública municipal tinha como objetivo conscientizá-los dos seus direitos e deveres como alunos e como cidadãos, lembro-me bem deste episódio por que era a última semana de setembro de 2008, ou seja, última semana para o dia das eleições municipais daquele ano. Procurei interagir ao máximo com o grupo através de dinâmicas e músicas, por fim o que eu queria era ouví-los, então já na etapa final do encontro lancei as seguintes perguntas: O que acham das propostas de plano de governo educacional que os candidatos à prefeito teem? Resposta: silêncio. Lancei mais uma: Quem já tem candidato à vereador e qual a causa de estar votando nele? Para minha surpresa a minoria já havia se decidido por alguém com as diversas causas do tipo: "Vou votar nele por que minha mãe pediu." "Voto nele por que ele é gente boa, está sempre fazendo umas festinhas para a comunidade." O revoltato cheio de razão diz: "Vou votar em qualquer um por que são todos iguais, não vai mudar nada mesmo!"
Depois de algum tempo, o grupo foi se soltando, as ideias foram surgindo e o debate foi ficando qualitativamente melhor, pelo menos consegui provocá-los a pensar e a questionar em que lugar estão no mundo, com isso, nos dias seguintes fiquei pensando nestas disparidades da nossa realidade e ví que não basta apenas dizer que a educação é a saída, não basta combater a criminalidade e os diversos tipos de violência com a educação, pelo contrário, deve-se tomar muito cuidado para a educação não se tornar um combustítel para ela.
Uma das saídas neste caso é a educação política presente nas escolas, por que já dizia o filósofo: "O mau de quem não quer saber de política é que ele será governado por quem gosta muito."
Como estamos educando nossas crianças? Em que tipo de alienação elas estão vivendo, a alienação da alta sociedade ou a da baixa renda?

Um comentário:

  1. Bom texto! Concordo e acredito que ainda exista a possibilidade de mudarmos este quadro!!

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